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(Fonta da imagem: Gazeta das Caldas) |
Hoje
em dia, fala-se muito em customização. Este termo tomado de empréstimo ao mundo
empresarial tornou-se uma pedra de toque dos prestadores de serviço. Como tal
me engajo, na medida em que sou um professor livre de idiomas e dependo das
condições do mercado. No entanto,
ensinar vai muito além de um negócio, não se trata apenas de customizar, mas
sim de adaptar-se ao perfil do (s) aluno(s). E o critério da idade é um fator
central e instrutivo a respeito.
Quem
tem a experiência de trabalhar com diferentes idades e públicos sente
diretamente essa necessidade de adaptar-se. Com crianças pequenas, de cinco
anos, o trato é muito diferente da dinâmica que se deve adotar com os que têm
dez anos, os 13-15 anos são mais complexos, porque apresentam manias e
inseguranças, os adolescentes e os jovens adultos são dinâmicos e rápidos, os
maduros, os cultos e os incultos, os idosos... Tecerei a seguir algumas
observações com respeito à minha experiência em ensinar Inglês, Francês,
Espanhol e Português para Estrangeiros a pessoas de diferentes idades.
Os
pequeninos são uma gracinha, interagem tanto física quanto verbalmente, às
vezes mais da primeira forma. Em geral aceito crianças estrangeiras a partir de
cinco anos para o aprendizado do português com alfabetização. Esta é a idade da
paciência, de muitas repetições e treino. A criança aceita sempre refazer a
tarefa, desde que esta seja proposta de forma diferente, então, haja
criatividade. Um fator decisivo é o envolvimento pessoal e a empatia. As crianças gostam dos que gostam delas. Não deve
haver cobrança, exigência de resultados, apenas apoio e orientação e muito
exemplo, crianças adoram fazer imitações. Aí você aproveita e as imita (há!).
As
crianças maiores, entre oito e onze anos, respondem com mais desenvoltura a
estímulos como a música e dança, além de interagirem com muita facilidade com
os suportes eletrônicos. É uma idade que deixa o professor mais tranquilo, no
sentido de que ele precisa intervir menos. Uma coisa muito importante é
oferecer a eles mais desafios e dar-lhes espaço para se afirmarem. Tratados com
os cuidados devidos, essas crianças se tornam excelentes falantes da língua a
partir dos treze anos, quando têm mais vocabulário e capacidade de compreensão
e começam a formular pensamentos próprios e raciocínios mais complexos. Os
pré-adolescentes podem ser tão rápidos quanto preguiçosos e cheios de mania.
Precisamos ter o devido cuidado no trato com eles, porque são muito sensíveis à
crítica. São ainda crianças, mas não querem mais ser tratados como tais.
Os
grandes adolescentes e os jovens adultos constituem o público da aprendizagem
por excelência, pois já possuem bagagem e seu progresso intelectual é notável.
No entanto, como esta é uma idade decisiva nos estudos e na profissão, com a
preparação ou entrada na universidade e posterior entrada no mercado de
trabalho, muitos deles estão sobrecarregados e se tornam faltosos e
irregulares. Importante notar que nessa idade as diferenças culturais e sociais
já se fazem sentir. No geral, quanto melhor o grau de conhecimento e o nível de
educação e cultura, melhor a aprendizagem.
Os
jovens profissionais e os profissionais maduros, até aproximadamente os
sessenta anos, são o público mais numeroso no segmento dos cursos customizados
a que pertenço. Seja para iniciar a aprendizagem de uma língua, seja para
aprimorá-la, eles sabem exatamente o que querem e precisam, por isso são
exigentes e buscam resultados. E isso se converte no melhor estímulo para o
professor. Nada melhor do que saber que sua aula de uma hora terá que produzir
um resultado mensurável em termos de aprendizagem. É juntar a fome com a
vontade de aprender.
Na
maturidade, enfim, a experiência continua. Aqui retomamos a ideia de progresso
e resultado com mais calma. Os mais velhos têm mais tempo e também precisam de mais
para aprender. Estou numa idade em que somente no meio desse público sou o mais
jovem da sala, então é reconfortante para mim saber que ainda estou na ativa
enquanto eles já se aposentaram. São um público excelente para o trabalho
personalizado. Você se dá conta de que
eles já estão consolidados na vida profissional, familiar e afetiva, mas ainda
sonham e buscam, como qualquer pessoa. Só não gosto da mania deles com regras e
questões formais da língua, fujo quando posso, e acho que eles conversam
demais, onde já se viu, usando português durante a aula de francês! Mas se
interessam por culinária, música, literatura, história, tudo que tenha caldo
cultural e acabam se convertendo em alunos excelentes e divertidos.
©
Abrão Brito Lacerda
15 01 19