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A MELHOR MANEIRA DE SE APRENDER UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA

Um bom ambiente é essencial à aprendizagem.



            Como professor de línguas estrangeiras, já me habituei às angústias de alunos assolados pelas premissas da vida moderna, gente que precisa do idioma “para ontem” e sente-se perdida na hora de optar por um curso ou formato. Nessas horas, o meu papel é justamente o de tranquilizar o aluno, retirar-lhe o peso das costas, sem contudo deixar de fornecer-lhe  “a big picture”, ou seja, a informação completa e correta com respeito ao assunto. Deixo claro, para quem quer que me procure, que a aquisição de um segundo, terceiro ou quarto idioma é um “enjeu”, um desafio que deve ser enfrentado com o planejamento e energia necessários. Nada de amadorismo nessa hora.
            Para que o professor possa desempenhar bem seu papel de “acelerador” da aprendizagem e qualificar o aluno para o uso autônomo e independente de um idioma, alguns fatores devem ser levados em conta:
            Cada idioma tem seu grau de dificuldade: inglês, vários anos, francês, no mínimo dois anos para um bom desempenho, espanhol se pode falar bem com um ano – levando-se em conta o meu tipo de curso, que é para até quatro pessoas.
            A idade e o nível cultural tem um peso grande. Mais tempo para os bem jovens e mais ainda para os bem velhos. Comparativamente, pessoas da mesma idade têm rendimentos que variam consoante o grau de conhecimento e a cultura de cada um. Quem sabe mais, aprende mais rápido e melhor. Simples assim.
            O método e o professor fazem também uma enorme diferença - é justamente por isso que estou escrevendo este texto. A abordagem comunicativa funciona bem para todos os perfis em geral, mas, ainda assim, há quem se adapte melhor a metodologias mais tradicionais. A quantidade de exercícios formais que cada um exige também muda muito. Com crianças, usamos poucos; no entanto, eles são os favoritos das pessoas de mais idade. Hoje, com a internet, os exercícios de repetição se tornaram mais palatáveis, com a vantagem de serem mais interativos e oferecerem rápido feedback. Mas podem também ser muito chatos, e essa é sua principal limitação. Um exercício feito ou corrigido em sala, com a dinâmica do professor, torna-se atraente e enriquecedor. Nada substitui essa interação humana. O que quer dizer que nenhuma máquina vai me substituir até eu me aposentar!
            Devido à sua importância no mundo atual, o estudo de línguas estrangeiras deve-se iniciar cedo ou o quanto antes possível. No entanto, se a criança não usa ou não vai usar a língua em casa (caso de família bilíngue, por exemplo), começar aos dois anos de idade ou após alfabetizar-se em língua materna dará no mesmo quando ela estiver com 12/13 anos. Isso porque o vocabulário e a competência da criança pequena são limitados. A interface com o mundo (e assim também na internet) é tanto auditiva quando visual. Aprende-se a falar, mas depois é preciso aprender a ler – e quando já se sabe ler na língua materna, é muito mais fácil.
            Para os adultos e os quase, o conselho é: não protele. Comece seu inglês hoje, o francês pelo menos dois anos antes do seu objetivo e o espanhol até um ano antes. E procure um bom professor, se possível, eu mesmo! Ofereço hoje cursos online a preços razoáveis, além das aulas presenciais.
            Dos estrangeiros que buscam curso de português, gostaria de falar, embora seja pouco provável que eles leiam este texto. O mesmo conselho vale  nesta situação, ou seja, começar cedo. Os estrangeiros que vêm para o Brasil adquirem rapidamente vocabulário e conseguem compreender bem ou relativamente bem nosso idioma em pouco tempo. Mas padecem dos sotaques carregados, por isso precisam de um bom treinamento  para aprenderem a pronúncia, o ritmo e a entonação de nossa língua de forma mais natural e não caírem no vício de ficar falando “enrolado” ou “atravessado” e ainda achar isso normal.

Cursos onlines funcionam muito bem, mas aí vale a tarimba do professor.

            Falar um idioma estrangeiro mal é muito feio, deixemos isso para quem não tem como se qualificar. A ideia de que o importante é comunicar é furadíssima. No mundo de hoje, ganha mais quem se comunica melhor. Comments?

©
Abrão Brito Lacerda
06 05 19

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