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INTRODUÇÃO AO SISTEMA VERBAL DO INGLÊS





          A língua inglesa possui um sistema verbal complexo que representa uma dificuldade substancial para os estrangeiros. Algumas categorias como os verbos modais e as expressões causativas (mandar alguém fazer algo) são bem diferentes das usadas nas línguas latinas. Contudo, o inglês oferece uma estrutura bastante enxuta, que pode ser compreendida com algum esforço e dedicação, mesmo por quem estuda sozinho. Neste texto vou propor uma visão geral dessa estrutura, com o objetivo de abrir caminho para aqueles que estão aprendendo essa língua, de forma simples e direta.
            Grosso modo, existem quatro categorias de verbos em inglês: 1) o verbo BE, por si só um grupo, pois, além de possuir mais formas do que os demais verbos, expressa dois sentidos essenciais, SER e ESTAR; 2) os demais verbos em geral (com exceção dos modais), que precisam de um auxiliar (DO, DOES, DID) para as formas interrogativas, negativas e do passado; 3) os verbos modais (WILL, WOULD, MUST, CAN...), sempre usados juntamente com outros verbos para expressar uma gama de nuances: possibilidade, dúvida, condição, futuro, etc; 4) os verbos combinatórios ou frasais, que se juntam a uma ou duas partículas (preposição ou adverbio) para expressar diferentes sentidos (PICK UP, GET DOWN, GO IN TO).
            Esta classificação é bastante arbitrária e não excludente. Com efeito, os verbos combinatórios são igualmente parte do grupo 2 (precisam do auxiliar DO).
            Considere que é muito fácil criar-se um verbo em inglês, grande parte das palavras desse idioma são ao mesmo tempo substantivos e verbos (MATCH, HOUSE, TIME), muitas onomatopeias viram verbos (BUZZ, SQUEEZE, GASP) e as combinações e empréstimos são infinitos - todo ano surgem vários vocábulos novos no idioma: MANSPREAD acabou de entrar para identificar o hábito masculino de sentar-se de pernas abertas (SPREAD) nos transportes públicos; BUTT DIAL igualmente, significando ligar (DIAL) pro celular de alguém por nada de importante (como o telefone pode estar no bolso de trás da calça, vem o BUTT, bunda). “Ligar pra bunda” não pode ser realmente coisa séria. E basta um vocábulo base, LOG, por exemplo, para dai criar LOGIN, LOGON, LOGOUT e por aí afora.
            Voltando ao nosso projeto classificatório, consideremos o primeiro grupo, o indefectível BE (ou TO BE). Ele é o único verbo do inglês que possui várias formas: no presente, AM, IS, ARE, no passado, WAS, WERE, BEEN, além do particípio presente ou gerúndio BEING. Com ele, você não precisa de outro verbo para formular perguntas: ARE YOU BRAZILIAN? ou frases negativas: I’M NOT. Ele é por sua vez verbo auxiliar na formação dos tempos contínuos (I AM/WAS/WILL BE DOING) e da voz passiva.
            O segundo grupo é o dos verbos que precisam de um auxiliar. Em geral os beginners sentem alguma dificuldade para assimilar o modelo, mas ele é muito simples. O auxiliar DO em suas formas DO/DOES/DID comanda as negativas (YOU DON’T KNOW), as perguntas ( DID SHE GO?) e as respostas curtas (YES, SHE DID, NO SHE DIDN’T). Mas, se a resposta for completa, deve-se usar o verbo principal: DID SHE BUY THE TICKETS? YES, SHE BOUGHT THE TICKETS. Lembre-se, ainda, que não se pode repetir o S da terceira pessoa no presente e o índice do passado: DOES SHE HAS?  por DOES SHE HAVE? e DID SHE BOUGHT? por DID SHE BUY? são total heresias.
            Entre esses verbos, alguns são regulares e outros são irregulares. Este é o ponto mais difícil dos verbos em inglês, porque o único recurso é memorizar regulares e irregulares e isso depende de anos de prática. Os regulares tem o passado em ED: ADD-ED, VISIT-ED, STUDI-ED e os irregulares tem de todo jeito: alguns não mudam no passado (CUT, CUT), outros são completamente diferentes (GO, WENT, GONE). A prosaica lista de verbos irregulares ainda tem vida longa nas salas de aulas de inglês. A única diferença é que antes elaera impressa, agora está na tela do celular.
            Há ainda os verbos de ação e os de estado. Distinção importante para entender porque não se pode dizer I AM LIKING (estou gostando). O correto é I LIKE, porque LIKE é um verbo de estado e não pode ser usado na forma contínua (-ING).
            O terceiro grupo é o dos verbos modais. A família não é grande, é composta por CAN, COULD, SHOULD, SHALL, WOULD, WILL, MAY, MIGHT, MUST, OUGHT TO e HAVE TO, os dois único que levam TO, porque é parte do radical. Os outros, faço questão de frisar aqui para algum aluno desavisado, combinam-se com outros verbos sem a partícula TO: CAN COME, WILL DO, MUST LEARN. Eles modalizam os verbos que auxiliam para expressar nuances como possibilidade: YOU CAN CALL ME AT FOUR, futuro: WE WILL ROCK YOU, condição: I WOULD TRAVEL, alternativa: YOU COULD TAKE THIS OR THAT e dedução: HE MUST BE SICK.
            Verbo modal é forte, tipo macho alfa, assume as perguntas e as negativas. Então é WOULD THEY GO? YES, THEY WOULD, YOU MAY NOT UNDERSTAND. Você está livre do quebra cabeça do auxiliar DO/DOES/DID, pelo menos por enquanto.
            Chegamos assim ao último grupo, o dos verbos combinatórios ou frasais, os bad boys do pedaço, adoram espalhar o terror por onde passam. São todos verbos de ação e sem qualquer complexo na hora de combinar. Os mais familiares são de abordagem relativamente fácil: HOLD (segurar) aceita HOLD ON (manter, esperar), HOLD ON TO (segurar firmemente alguma coisa) e HOLD UP (levantar, manter no alto, resistir, persistir, assaltar...); GO forma GO IN/OUT/ON/AWAY/OFF, dependendo do sentido do movimento (para dentro, para fora, continuidade, distanciamento). Outros são enquizilados e de difícil deciframento. Nesses casos, uma solução pode ser parafraseá-los, dizer de outra maneira, e aprender as duas formas(!) ao mesmo tempo: LET’S GO OVER (=REVIEW) THIS SUBJECT, MY SISTER AND I GET ALONG WELL (= LIKE EACH OTHER). Traduzir também não é nenhuma vergonha. As duas frases acima traduzem-se como: “Vamos REPASSAR/REVISAR esse assunto”, “Minha irmã e eu NOS DAMOS BEM/COMBINAMOS.
            Uma dica de sobrevivência na selva é não esquentar a cabeça com os phrasal verbs. Eles são uma parte do sistema, não o todo. Assumir que, não importando seu nível de inglês, haverá sempre muitos que você desconhece e, portanto, precisará aprender. Não é assim na vida?
©
Abrão Brito Lacerda
05 05 18
             

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